Mercado de arte paraense com boas perspectivas para os próximos anos

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Programações culturais como espetáculos teatrais, shows e visitas a museus e exposições de arte fazem parte do final de semana de muitas pessoas e na capital paraense essas práticas estão ganhando um novo fôlego, em especial após a redução de casos de Covid-19 e a flexibilização das medidas sanitárias.

O colecionador de arte contemporânea Eduardo Vasconcelos, com mais de 800 peças em seu acervo, conta que vem percebendo a vontade do público em querer visitar e conhecer mais sobre as artes nesse momento de reabertura. “Com a abertura dos espaços, nós temos notado uma busca muito grande do público para visitação, para discussão, ou seja, é um público que tá ávido por todos esses elementos ligados as artes visuais”, explica.

Eduardo Vasconcelos, colecionador. Foto: Walda Marques

Ele também relembra que a partir de conversas com outros colecionadores e artistas identificou o aumento na aquisição de obras de artes. “Talvez por conta do distanciamento social ou por conta das pessoas ficarem mais em casa acabou com que elas fossem usando as redes sociais para conhecer novos artistas, ler mais sobre o assunto e então isso acabou dinamizando esse processo de aquisição”, detalha o colecionador.

Eduardo tem boa perspectivas para o mercado nos próximos anos e acredita que a criação de elementos que estimulem o olhar pelas artes plásticas é importante para o crescimento do mercado. “Que surjam novos colecionadores, que o público comece a direcionar cada vez mais o seu olhar pra questão das artes visuais, então a própria ação de expor obras da coleção, ela vai um pouco nesse papel mais social, mais político de tornar público o que é restrito, então a partir disso a gente consegue que outras pessoas também se interessem e vejam a arte com um novo olhar”.

Atualmente, Eduardo está com a exposição “Desnudo”, aberta para visitação na Galeria Benedito Nunes, na Fundação Cultural do Pará até o dia 1º de julho. A mostra foi contemplada no edital Prêmio Branco de Melo, da Fundação e reúne 131 trabalhos de mais 90 artistas de 15 estados brasileiros e 11 países, presentes na sua coleção com curadoria de Vânia Leal.
Makiko Akao, responsável pela Kamara Kó Galeria, explica que atualmente faz em média de cinco exposições por ano e que durante a pandemia manteve as portas fechadas e reabriu em abril deste ano. Ela é otimista com as perspectivas do cenário local. “Vamos ser otimistas, de que tudo vai melhorar, mas penso que há necessidade urgente de políticas públicas para criar e fomentar mercado de artes, uma bienal internacional com convite para colecionadores e curadores conhecer a produção paraense e que haja incentivos como facilitador para participar de feiras internacionais para levar a produção artista para for”.

O artista Geraldo Teixeira, com mais de 45 anos de carreira e com traços de azulejo e padrões geométricos em seu trabalho, observa que o cenário vem crescendo nos últimos cinco anos e ganhando visibilidade na esfera estadual e nacional, mas ele pontua que ainda não vê um mercado consolidado. “Acho que alguns artistas provocam um movimento mercadológico, mas ainda não considero que seja um mercado”.

Geraldo Teixeira, artista. Foto: Lana Machado

Como artista, ele percebe um crescimento e visibilidade, entretanto ainda há um longo caminho para ser percorrido. “Com certeza houve um crescimento, a arte vem ganhando sim visibilidade não só estadual, mas nacional, ainda que por iniciativas individuais, carecemos de políticas culturais efetivas, tais como renovação de acervos nos museus, através de aquisição de obras de artistas que atuam em Belém, outros organismos que trabalhem com a cultura tenham de fato atitude profissional na questão do fomento a cultura”.

“Minha perspectiva sempre é a melhor possível. Hoje temos alguns colecionadores em Belém que começam a fazer um movimento demonstrando o fluxo financeiro e cultural, fundamental para um Mercado de Arte em Belém”, essas são as perspectivas de Geraldo para o futuro.