Empresa de calçados paraense deve chegar a Europa em 2025

A empresa Seringô é o resultado de uma inovação que alia tecnologia social à sustentabilidade, utilizando como principais matérias-primas o látex, extraído das seringueiras nativas do Pará, e o caroço do açaí.

Foto: divulgação Seringô

A Seringô surgiu em 2014 como uma marca derivada do Poloprobio, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que desenvolveu a tecnologia “Encauchados de Vegetais da Amazônia”. Essa técnica foi premiada pela Fundação Banco do Brasil e criou as bases para a produção de produtos artesanais em seringais, gerando renda para artesãs e seringueiros.

Os calçados, confeccionados em castanhal, têm 70% da composição dos tênis de borracha e os 30% restantes de caroço de açaí micronizado. Para a confecção, são empregados métodos que preservam a floresta e beneficiam a comunidade local, tornando o produto 100% sustentável.

Além disso, a empresa desenvolveu um método único de produção, o “Cernambi Virgem Ecológico”, que possibilita a extração da borracha sem necessidade de usinas, sem consumo de água e sem a geração de efluentes. O CEO da empresa, Francisco Samonek, explica mais sobre o processo de produção. “Essa borracha ecológica é ideal para a indústria calçadista, um setor que tradicionalmente usa materiais sintéticos de origem fóssil. Com a Seringô, oferecemos uma alternativa sustentável ao mercado,” explica Samonek.

Atualmente, a empresa vende pouco mais de mil pares de calçados por mês e já se prepara para expandir para o mercado europeu, onde planeja vender cerca de 30 mil pares por mês.

Sustentabilidade
Todos os materiais utilizados na produção dos calçados ecológicos da Seringô são adquiridos na própria região amazônica. O tecido de malva e juta, por exemplo, vem da CTC, em Castanhal, enquanto as resinas são colhidas pelos próprios seringueiros e o óleo é produzido na região metropolitana de Belém. A borracha é extraída no Marajó, em municípios como Anajás, Portel e Melgaço.

O processo de extração do látex segue práticas sustentáveis que respeitam o ciclo de vida da árvore, evitando sua degradação. Diferente dos seringais de cultivo, onde o uso intensivo de sangria e hormônios pode exaurir uma seringueira em 30 anos, os seringais nativos seguem um sistema de corte responsável. Para cada dia de extração, são dados dois dias de descanso para a recuperação da árvore. Essa prática permite que as seringueiras nativas mantenham sua produtividade ao longo de uma vida que pode chegar a 300 anos, convivendo em harmonia com a floresta e gerando borracha de forma sustentável.