Por quase 18 anos, o rosto de Carolina Brazil entrou quase que diariamente nas casas das pessoas no estado de Rondônia, primeiro como repórter e depois como apresentadora de programas jornalísticos. Desde o ano passado, a jornalista e pecuarista assumiu outros desafios na carreira, e este ano acrescenta ao seu currículo representar os sete estados da região no 9º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que será realizado nos dias 23 e 24 de outubro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP).
Radicada em Porto Velho (RO) há 25 anos, a paranaense e mãe de duas filhas sabe da importância de seu papel como embaixadora de uma região que hoje é grande exponente em números do agronegócio brasileiro. “A realidade da mulher à frente de pequenas, médias e grandes propriedades existe há muito tempo, mas ainda lhes faltava visibilidade. Elas agora entendem que são protagonistas das suas histórias, mas para isso elas precisaram se posicionar e mostrar que sempre trabalharam nisso”, destaca.
A embaixadora observa, porém, que essa mulher não quer conquistar o lugar do homem no agro, mas, sim, se sentar ao lado, seja numa mesa de discussão, reunião para tratar de políticas públicas ou tomada de decisão sobre o negócio. “Queremos ter voz para colocar nossa opinião. Quando a mulher traz algum tema para discussão, principalmente no agro, sua visão é diferente, não apenas em aspectos técnicos ou financeiros. Ela considera tudo o que possa influenciar sua família, que vem sempre em primeiro lugar. Isso muda o olhar sobre o negócio”, afirma.
Em relação à região que representa, Carolina lembra que o Norte possui características únicas, como seu tamanho, sendo a maior do País em extensão territorial, mas com muita área de preservação, o que se torna uma questão importante para as mulheres. “Para nós, a importância da Amazônia e as questões ambientais são uma realidade. A mulher rege toda a parte administrativa de sua propriedade principalmente em cima disso, e não vai desmatar um trecho da sua área sabendo que não pode. Já pensou em qual é a importância da mulher do Norte para o planeta? Ela tem de produzir igual às mulheres das outras regiões do Brasil, mas com a questão ambiental em evidência”, analisa a pecuarista.
A embaixadora pretende mostrar a importância desse papel na nona edição do CNMA. Ela comenta que, apesar da distância geográfica dos sete estados dos grandes centros do País, o olhar sobre a região é diferente nesse sentido. “Aqui a produtora precisa achar uma forma de capitalizar e ao mesmo tempo preservar a floresta. A mulher não vai deixar essa bandeira de lado somente para se posicionar. Ela tem a noção de que se a floresta acabar isso impacta na sua qualidade de vida. Não tem como falar da região Norte e não levar isso como uma bandeira real que todas nós vivemos no dia a dia”, defende a jornalista.
Região Norte em números
A região Norte contribuiu para o crescimento econômico do Brasil em 2023 por meio de sua produção agropecuária. A supersafra de grãos, especialmente de soja e milho, impulsionou o setor, registrando um aumento de 15,1%. Essa expansão na agropecuária teve impacto significativo no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Além disso, a região também contribuiu indiretamente para outros setores, como exportações e indústria de alimentos.
Esse crescimento também se reflete na tecnologia. O número de startups do agronegócio (conhecidas por agtechs ou agritechs) na região, segundo a pesquisa Radar Agtech 2023, passou de 26 passou para 116 em 2023.
O maior congresso global de mulheres do agronegócio
Caminhando para sua nona edição, o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio será realizado nos dias 23 e 24 de outubro no Transamerica Expo Center, em São Paulo. A expectativa deste ano é receber 3.600 congressistas, novo recorde de público.
Abordando assuntos diversos, relevantes e atuais, com a presença de grandes nomes e instituições do agro, este ano o CNMA terá como tema principal “Mulher Agro Brasileira: Voz para o Mundo”, cujo objetivo é utilizar a força da voz feminina como meio de expandir a visão global sobre o agronegócio brasileiro e ajudar a criar uma percepção justa do setor.