Belém se prepara para receber a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que deverá ocorrer entre 10 e 21 de novembro de 2025. Sobre os desafios, preparativos, legado e incentivo aos empresários, a vice-governadora do Estado do Pará e presidente do Comitê Estadual da COP30, Hana Ghasssan Tuma conversou com exclusividade com o Cenário News. Confira!
Recentemente, a senhora esteve reunida com ministros e o governador, em Brasília, para definições importantes para a COP 30. Poderia resumir os principais pontos tratados na ocasião?
Hana Ghassan – O governo do Pará mantém diálogo permanente com os governos federal e municipal em torno dos preparativos para a realização da COP30. Na reunião em Brasília neste mês, foi feito um balanço sobre o andamento de obras, como o Parque da Cidade, que vai receber o evento e também o monitoramento de outros projetos que estão sendo desenvolvidos com recursos do BNDES, como obras de saneamento, por exemplo.
O Governo do Estado tem muitos desafios, mas qual é o principal desafio, neste momento?
Hana Ghassan – O Pará contratou duas consultorias – a FGV e a Accenture – para fazer o diagnóstico da situação atual e propor soluções para preparar Belém para fazer uma grande e bem sucedida COP 30. As obras do Parque da Cidade, que vai sediar a COP30, estão avançadas e o local vai receber muito bem todos os participantes.
Pensamos todas as nossas soluções de forma a deixar um legado para a cidade. Assim, abrimos uma rodada de negócios rumo à COP30 para pequenos, médios e grandes empresários dos setores de hotéis, bares e restaurantes terem acesso à crédito e para construção, reforma, ampliação, aquisição de equipamentos e capital de giro.
Em paralelo, estamos trabalhando as soluções temporárias de hospedagem para receber os visitantes da COP. Temos várias frentes de estudo e atuação, como grandes navios, escolas e construções modulares. Além disso, o governo fez uma parceria com o Airbnb para a ampliação do número de leitos disponíveis para o evento, e ainda a promoção turística digital de Belém como sede da COP30, incentivando o turismo regenerativo, por meio de iniciativas de sustentabilidade, empreendedorismo e preservação cultural.
Do ponto de vista econômico, o que ou quanto se estima que o Estado do Pará vai ganhar com a realização do evento?
Hana Ghassan Todo o evento está sendo pensado para deixar um legado para a população. O Estado tem firmado parcerias com instituições financeiras para garantir a realização de obras de infraestrutura urbana, transporte e saneamento básico, por exemplo.
Além disso, teremos uma hotelaria requalificada, equipamentos culturais e turísticos novos, que serão ganhos permanentes para a cidade, incentivando o turismo. Em 2023, o Pará voltou à casa de um milhão de turistas, recuperando o patamar pré-pandemia. A COP já colocou o Pará na vitrine internacional, atraindo novos turistas e gerando emprego e renda para a nossa população. O estado é uma porta de entrada para a Amazônia e tem potencial para crescer ainda mais.
Devido a recentes fake news, diversos empresários chegaram a duvidar da realização do evento aqui. Há algum plano do governo estadual para incentivar os empresários a fazerem investimentos voltados para a COP 30?
Hana Ghassan A candidatura de Belém para sediar a COP30 foi anunciada pelo presidente Lula junto com o governador Helder Barbalho durante a COP27 em Sharm-el-Sheikh, em novembro de 2022. Em maio de 2023, a candidatura foi endossada e confirmada pelo Grupo de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. Durante a COP28 em Dubai, a capital paraense foi oficialmente anunciada como sede da COP30.
A cidade já está sendo preparada para receber o evento. Em maio do ano passado, o Estado criou o Comitê Estadual da COP 30 e iniciou estudos para mapear as necessidades de Belém para sediar o evento.
Para incentivar os empresários, o governo isentou o ICMS para aquisição de bens de donos de hotéis, pousadas, albergues e motéis no Pará. O benefício foi possível a partir de decreto estadual publicado pelo governador Helder Barbalho em novembro passado e garante a isenção do imposto até 30 de novembro de 2025, ano em que será realizada a Conferência da ONU sobre Mudanças do Clima – COP 30. O objetivo é facilitar a recuperação estrutural e a modernização do segmento para atendimento do público da COP 30.
O governo do Pará também viabilizou, por meio de uma parceria com o BNDES, a contratação de R$ 140 milhões em crédito para o setor de turismo. As operações são voltadas para micro, pequenos e médios empresários do setor, para garantir o atendimento aos visitantes no evento da Organização das Nações Unidas.
De uma forma geral, o que o povo paraense pode esperar como legado deste grande evento?
Hana Ghassan Com o trabalho de preparação iniciado mais de dois anos antes da COP30, o Pará vem estudando o exemplo de grandes eventos, como Olimpíadas e Copa do Mundo, para mapear o que deu certo e o que precisa ser aprimorado. A intenção é transformar as obras em legados para a população.
É o caso do Parque da Cidade, espaço que vai receber os eventos da conferência. Ele está sendo construído em uma área de 500 mil m2 e será entregue para uso da população após a conferência mundial. Terá espaço multidisciplinar e instalações esportivas voltadas para promoção de qualidade de vida, lazer, interação, cultura, arte e bem-estar.
Além disso, o governo trabalha para que obras de saneamento, de qualificação de hotéis e também a renovação da frota de ônibus transformem a realidade de quem vive aqui e coloquem o Pará entre os principais destinos a serem visitados no Brasil.
A primeira COP da Amazônia é uma oportunidade de apresentar ao mundo a realidade de quem vive na floresta e de atrair investimentos e promover mudanças que trarão melhorias permanentes para quem vive nas áreas urbanas da Amazônia, como Belém, e também na floresta