Por André Nunes de Nunes é economista-chefe do Sicredi

O já conhecido Pix registrou recorde de transações em julho. Open finance, open banking e contas digitais são termos que entram não apenas no vocabulário e no dia a dia da população. O Relatório de Cidadania Financeira do Banco Central mais recente (2021) mostra que o percentual de adultos que têm relacionamento com instituições financeiras saltou de 85% em 2019 para 96%, em 2020. A partir de dados como estes podemos concluir que quase todos os brasileiros estão familiarizados com as experiências financeiras digitais e incluídos no Sistema Financeiro Nacional (SFN)?
A questão é mais profunda do que aparenta. Segundo o BC, “inclusão financeira” é um estado em que todos os adultos têm acesso efetivo aos serviços providos por instituições formais como crédito, poupança, pagamentos, seguros, previdência e investimentos. E faz parte de um conceito mais amplo: o de Cidadania Financeira, ou seja, o exercício de direitos e deveres, que permite ao cidadão gerenciar bem seus recursos financeiros.
Para entender as necessidades das pessoas e oferecer as melhores alternativas é preciso estar próximo. Por isso, acreditamos que a digitalização é importante, assim como a ampliação da oferta de produtos e serviços como consórcios, seguros e investimentos. E estar presente é fundamental.
Diferente do movimento de muitas instituições financeiras, o Sicredi ampliou quase 50% o número de agências físicas desde 2018 e conta hoje com mais de 2,5 mil no Brasil. Em mais de 200 municípios somos a única instituição financeira com presença física, sem contar as estruturas móveis que levam informação e serviços a lugares diversos, onde promovemos a Cidadania Financeira junto à população que, de outra maneira, teria acesso limitado.
A proximidade é mais que um valor no Sicredi e o impacto na vida financeira do associado pode ser visto na prática. Por meio do estudo “A Efetividade do Cooperativismo”, da série “Benefícios do Cooperativismo de Crédito”, vimos que a abertura de uma agência em municípios antes desassistidos pelo SFN impacta o acesso a serviços e a crédito nessas comunidades.
Nossos associados ativos ampliam o uso médio de produtos em 25% em 2 anos, após passarem a contar com uma agência. Depois de 5 anos, cada associado passa a ser atendido com uma média de 7 produtos. Quando analisamos o crédito utilizado pelos associados em todo o SFN, o estudo identificou expansão média de 27,5% ao longo dos 5 primeiros anos de relacionamento com a cooperativa. Ou seja, a proximidade não representa apenas conveniência, mas o acesso a um maior volume de crédito e gama mais abrangente e adequada de produtos.
Assim, podemos associar o acesso de serviços financeiros à presença física? Os dados demonstram que sim. Por isso precisamos seguir com a digitalização, mas sem esquecer que as pessoas têm necessidades diversas e se relacionam de forma diferente. Seguiremos próximos, construindo relações de confiança mútua e contribuindo cada vez mais para a inclusão financeira dos associados.