Dependência química: quando a doença leva ao suicídio

No mês de conscientização sobre o assunto, setembro amarelo, é importante saber que a dependência pode ser tratada, evitando chegar ao ato extremo

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Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Sendo esta, uma das três principais causas de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. O risco de suicídio é ainda maior entre os dependentes químicos, isso porque o álcool ou as substâncias químicas aumentam a desinibição, a agressividade, a impulsividade, tornando-se um facilitar para o ato extremo.

Um recente estudo divulgado pela Universidade de Brasília concluiu que quatro em cada dez pessoas que cometeram suicídio no Distrito Federal usavam substâncias psicoativas. No Brasil, a intoxicação por álcool está envolvida em 22% de todas as mortes por suicídio. Dependentes químicos – sejam de drogas lícitas ou ilícitas tentam suicídio 6 vezes mais do que não-dependentes.

“A luta contra a dependência química está associada a outras doenças mentais e ainda a situação de vida do dependente que pode estar enfrentando problemas financeiros, sociais, de relacionamento. A dependência química está presente em muitas famílias e precisa ser vista como uma doença que pode ser tratada, evitando assim chegar ao extremo”, diz Mônica Azevedo, assistente social especialista em dependência química e responsável pela Clínica Voo de Liberdade.

Normalmente, a pessoa apresenta sinais que precisa de internação para o tratamento da dependência. “A pessoa prefere o isolamento, deixando de fazer o que lhe dava prazer, começa a ter dificuldade de relacionamento com os familiares, a rotina muda em função do uso das substâncias, há um aumento da impulsividade e agressividade e negligência com o autocuidado, além de começar uma série de mentiras e manipulações”, explica Mônica.

Dentre as razões pelas quais uma pessoa com dependência química pode apresentar um comportamento suicida estão os sentimentos de desesperança, solidão e inutilidade causados pelo uso de drogas e álcool, e ainda o aumento do nível de estresse e ansiedade, vergonha e culpa. O uso ainda pode gerar problemas financeiros, legais e afetivos que podem aumentar os sentimentos de incapacidade.

“Para muita gente, a droga é como uma muleta ou como uma fuga de situações que ela não gosta de encontrar nela. Por isso, é importante não só tratar as consequências do uso da droga, mas também os gatilhos que levam a pessoa voltar a usar”, diz Mônica, explicando que na clínica é feito um tratamento multidisciplinar, ou seja, a combinação de diversas terapias feitas por diferentes profissionais da área da saúde. “O transtorno é multifacetado, por isso é necessário ter uma equipe completa para dar conta de algo que atinge todas as áreas do indivíduo”.

No mês dedicado à conscientização sobre o suicídio, Mônica faz um alerta: “O seu colega de trabalho, o seu familiar, o seu amigo pode estar dando sinais da dependência e você pode ajudar! A dependência química é um problema social. Fique atento e estenda sua mão, procure atendimento especializado! Ajude! Não condene!”.

Com informações da assessoria