Artur Jansen Novaes, diretor da Fábrica Esperança, fala sobre a importância do trabalho realizado na instituição

Foto: Arquivo pessoal

Em entrevista exclusiva ao site, o diretor da Associação Pólo Produtivo Pará – Fábrica Esperança, Artur Jansen Novaes, comenta sobre os aprendizados, projetos e desafios à frente da organização sem fins lucrativos que promove a reinserção social de egressos do Sistema Penitenciário. Confira:

Quando iniciou a sua gestão? Como estava a Fábrica Esperança quando você assumiu?

A minha gestão à frente da Associação Pólo Produtivo Pará iniciou em abril de 2019, e o cenário era muito caótico: quatro folhas de pagamento atrasadas, mais de 140 causas trabalhistas vigentes, 62 protestos, R$ 2 milhões e meio de reais de custeio em aberto e R$ 13 milhões de dívida na Receita Federal e na Procuradoria Geral da Fazenda.

Quais foram as ações já implementadas até aqui?

No primeiro momento, as ações foram de reestruturação, colocar em dia as folhas de pagamento atrasadas e negociar as ações trabalhistas e as dívidas de previdência junto à Receita Federal.

Neste saneamento inicial foi necessário inclusive reduzir a folha. Foram demitidas 62 pessoas no primeiro mês e nós precisávamos emitir as certidões negativas de débito de vários órgãos para poder fechar novos contratos e incrementar a entrada de novas receitas. Fizemos uma revisão estatutária e expandimos o público-alvo atendido. Até 2020, nós trabalhávamos apenas com egressos do sistema penal e, a partir de 2020, começamos também a trabalhar com o socioeducando, que é acompanhado pela FASEPA – Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará, e com pessoas em situação de vulnerabilidade social, em parceria com o Ministério Publico do Trabalho – MPT, através do PERNOH, Projeto Escrevendo e Reescrevendo a Nossa História.

Quais são os planos e projetos para o futuro da instituição?

A busca por novos contratos, que estamos realizando desde 2019, para conseguirmos aumentar novamente nosso quantitativo de funcionários. Para se ter uma ideia, em meados de novembro de 2021, nós éramos 218 colaboradores e agora, em agosto de 2022, passamos de 550 colaboradores.

Qual a importância do trabalho realizado pela Fábrica Esperança?

A importância do trabalho da Fábrica Esperança é, principalmente, ressocializar pessoas e ajudar o Estado do Pará a reduzir os índices de violência e de criminalidade. Comemoramos este ano a redução do público carcerário aqui no Pará que, em dezembro de 2019, girava em torno de 20 mil pessoas e no último censo que foi feito pelo Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN nós baixamos para pouco mais de 18 mil pessoas. Foi uma redução de 9.74% na população carcerária do Estado do Pará.

Outro número importante também que foi comemorado em 2022 foi justamente a diminuição da violência no Estado. Nós ajudamos o Pará a diminuir mais de 41% o número de crimes violentos no nosso Estado.

Quais são os desafios de estar à frente de uma organização tão importante?

Em 2019, o maior desafio era a recuperação da credibilidade do projeto perante a sociedade, os órgãos de controle e, principalmente, perante o público-alvo. O projeto era muito pouco procurado. Como desafio de 2022 em diante, está justamente a busca constante pelo fortalecimento ainda mais do projeto no Estado do Pará e o atendimento ainda maior do público-alvo nas diversas regiões do nosso estado. Nós queremos atingir as 12 mesorregiões do Pará e também alcançar a amortização por completo de todo passivo hoje ainda existente, que já diminuiu bastante, mas ainda existe.