A jovem empresária Priscilla Vieira, desde pequena sempre teve espírito empreendedor. Quando jovem, chegou abrir alguns negócios, como xerox e lanchonete, e teve experiência trabalhando nos negócios da família. Apesar de ter se formado em direito e a mãe estimular para fazer concurso público, a vontade de empreender acabou falando mais alto, o que a fez buscar espacializações na área de gestão e entrar no Conjove, na busca pelo conhecimento, network e oportunidades de novos negócios.

Como surgiu a ideia de montar uma empresa?
Há sete anos, minha mãe decidiu tirar um ano sabático e foi morar fora do Brasil. Foi quando eu, efetivamente, assumi junto com minha irmã a empresa MLX Uniformes. Foi um ano de muito aprendizado e desafios. E durante essa jornada o associativismo foi determinante para as diretrizes do negócio.
Éramos duas meninas novas, que estavam em uma empresa com quase 30 anos de mercado e haviam colaboradores que nos viram crianças. Alguns sentiram bastante resistência no início, quando começaram as mudanças na gestão. Ouvíamos muito a frase: “na época da dona Márcia não era assim”.
Investimos na capacitação do time para mostrar que o mundo está mudando em uma velocidade rápida, e que por isso mesmo não dá para fazer as coisas como sempre foram feitas. É preciso inovar, mudar os processos, ter mais indicadores, usar o sistema, implantar RFID, POWER Bi, ter metas claras. E foi assim que hoje chegamos na conquista de ser a maior empresa de uniformes profissionais do Estado do Pará. Mas o sonho não acaba aí, queremos ser referência não só mais no Norte do país e sim em âmbito nacional.
Que estratégias sua empresa utilizou para enfrentar esse período de crise causado pela pandemia?
A pandemia de covid-19 também foi determinante para o nosso crescimento pessoal e profissional. Em 2019, já estávamos com centenas de colaboradores e, no primeiro lockdown, tivemos que tomar uma decisão rápida e arriscada, em um momento que estavam vários clientes ligando e pedindo cancelamento dos pedidos. Em reunião com minha irmã, decidimos fazer compra de matéria-prima em tecidos hospitalares. Afinal, isso era uma necessidade que tínhamos certeza que naquele momento seria essencial. Reunimos todo o time, que naquela altura estavam com mais medo que nós, temiam pelo futuro. Foi o momento, então, de passar a segurança de que ninguém seria demitido. Organizamos maquinário para alguns que tinham maior estrutura poder trabalhar em home office, compramos azitromicina para todos os colaboradores, iniciamos a MLX for doctors, linha exclusiva para o seguimento hospitalar. O que foi um grande sucesso. No auge da pandemia, conseguimos dobrar o faturamento e, conforme as coisas foram passando e os clientes retomando, precisamos aumentar o time com novas contratações e maquinários.
Quais avanços a empresa alcançou nesse período?
Hoje estamos com duas empresas e, mais recentemente, abrimos mais uma: a Nahal Med Jalecos Coats, também pensando em outro nicho de mercado, os jalecos de alta costura, sendo mais um desafio, pois alguns profissionais como modelistas com habilidade no Audaces (programa com modelagem automatizada) não são uma mão de obra fácil de achar. O lançamento da marca foi feito em Paris, a capital da moda e glamour, assim como a marca busca.
E os projetos não acabam, assim como a vontade de aprender com os maiores e também aumentar a rede de contatos. Minha mãe sempre foi um exemplo de força e determinação, que me trouxe para a conquista do prêmio recebido hoje. Esse é apenas o início dessa trajetória, o prêmio veio com uma validação de que estamos indo no caminho certo, mas que só aumentou a vontade de sermos maiores e representarmos não só o seguimento industrial, mas também mostrarmos a força do empreendedorismo feminino em todo o Estado.
Quais as perspectivas para o futuro do seu empreendimento?
Tenho muito orgulho de ser paraense e acredito que precisamos, cada vez mais, estimular e ser exemplo positivo na sociedade. A pandemia está passando, mas as sequelas financeiras serão sentidas, a inflação e a perda do poder de compra tendem a crescer. Penso que esse cenário só conseguirá ser mudado se os empresários se unirem ao poder público e juntos fizerem um trabalho com os jovens, mostrando e dando oportunidade de negócios, afinal, temos pessoas muito inteligentes na região. Meu sonho é que a gente pare de exportar nossa mão de obra qualificada, criando um ambiente com alto nível para que todos queiram continuar em nossa terra maravilhosa, pois como diz o ditado: quem vem ao Pará, parou, tomou açaí ficou!
Por Thaís Siqueira