Entrevista com Túlio Damasceno

Passados os meses iniciais e mais intensos de pandemia, o mercado imobiliário brasileiro se mostrou resiliente e conseguiu dar a volta por cima. O Pará seguiu a tendência nacional e conseguiu manter o mercado da construção civil aquecido. Sobre o assunto, o Cenário News conversou com o engenheiro, Túlio Lima Damasceno, diretor da Laje Engenharia, uma empresa com 36 anos de mercado e forte atuação em obras públicas e atualmente possui empreendimentos imobiliários em Belém, Santarém e Abaetetuba. Confira.

Foto: Arquivo pessoal


Na tua avaliação, como o mercado imobiliário paraense atravessou a pandemia?

O mercado imobiliário paraense atravessou a pandemia seguindo o mercado nacional onde houve uma alta procura por imóveis, as pessoas acabaram ficando muito tempo dentro de casa e nesse período elas perceberam a necessidade de uma moradia mais qualificada, com mais conforto para a família toda e isso acabou criando um movimento grande de busca e levou o mercado a um bom momento comercial. Tivemos empresas que apostaram em novos lançamentos e isso manteve o mercado bem aquecido com muitas unidades sendo comercializadas e esse foi o cenário do mercado no período da pandemia.

Ao que se deve essa retomada? É possível identificar os principais fatores?

Acredito que, como falei acima, os principais fatores foram a grande busca por uma moradia mais confortável e de mais qualidade, uma disponibilidade financeira maior, pois houve também, nesse período, uma geração de renda adicional, principalmente motivada por campanhas governamentais, em curto prazo, como auxílios emergenciais e todo essa injeção monetária criou um cenário econômico favorável para a comercialização de novas casas e então entendemos que esse aquecimento monetário, no curto prazo acabou direcionando e mantendo uma base financeira pra sociedade pra poder a alcançar a aquisição da moradia.

Quais os maiores desafios neste setor?

Atualmente o maior desafio que esse mercado passa é alta dos insumos da construção por um momento inflacionário, onde os preços dos materiais subiram substancialmente e as incorporadoras acabam tendo dificuldade de repassar esse aumento, então isso resulta em redução de margem das incorporadoras e construtoras e esse é um ponto negativo, que enxergamos como crítico até pra realmente pensar em novos lançamentos. O mercado tem pisado no freio sobre essa questão da alta dos insumos, que ainda sim a gente entenda que seja algo no curto prazo, a expectativa é de que realmente nos próximos períodos aí essa inflação ela se reorganize, a ponto da economia se ajustar, a indústria a se organizar para que volte a produzir na escala necessária para que possa suprir a demanda da construção civil.

Como a Laje tem trabalhado para superá-los?

Para superar esses desafios, a Laje tem investido de forma relevante tanto em novas tecnologias quanto no desenvolvimento profissional, dos nossos colaboradores. A gente entende que hoje informação e tecnologia são ferramentas essenciais nesse combate à inflação, por exemplo. Acreditamos que a tecnologia é uma ferramenta capaz de contornar a ausência de material, ou o aumento excessivo de custo de alguns de materiais, então é necessário a gente inovar e ir em busca de novas soluções, buscar tecnologias para que a gente consiga contornar esse aperto de margem e continuar entregando um produto de qualidade, com segurança e na pontualidade que o cliente deseja. Então há todo um trabalho e um esforço interno que estamos fazendo de forma rotineira para não impactar negativamente a ponta, que é nosso bem maior, o nosso cliente.

Como avalias o setor na grande Belém, principalmente com o surgimento e a valorização de novos bairros na capital paraense:

A gente enxerga com muito bons olhos em Belém, o bairro do Marco, vemos este como um lugar de potencial crescimento, um bairro cada vez mais familiar aonde novos itens de urbanização estão surgindo a exemplo de lojas, supermercados, agências bancárias, escolas, ou seja inúmeros serviços e benefícios, que a gente vem encontrando nesse bairro que pra gente é extremamente urbanizado, com vias largas, com uma mobilidade extremamente satisfatória, com tráfego bem menos intenso, se comparado com outras áreas da cidade, como no bairro do Umarizal, por exemplo. O Marco é um bairro em expansão, mas esse crescimento é de forma organizada, a ponto de suprir a necessidade de moradia e a Laje já se posicionou nesse bairro, já temos ali um terreno que em breve vamos estar lançando com outra marca, que é uma marca que vem para atender o segmento do médio e alto padrão. Essa é nossa aposta e esperamos que em breve esse produto seja lançado e atenda a expectativa do público belenense.