
Foto: Arquivo pessoal
Um dos setores mais atingidos pela pandemia, em 2020, o segmento de eventos tem buscado retomar as atividades gradativamente neste segundo semestre de 2021. De acordo com a Associação Brasileira de Assessores e Cerimonialistas (Abracs), sediada na capital paraense, somente na Região Metropolitana de Belém foram mais de 50 mil famílias atingidas direta e indiretamente em toda a cadeia dos eventos.
São mais de 200 categorias profissionais envolvidas com o setor, entre baloneiros, floristas, animadores, decoradores, esculturistas, artistas circenses, atores, maquiadores, cabeleireiros, garçons, maitres, seguranças, recepcionistas, designers, costureiras, alfaiates, buffets, salgadeiras, doceiras, confeiteiros, cerimonialistas, DJs, cantores, músicos, carregadores, roadies, técnicos de som e áudio, técnicos visuais, cenógrafos, entre outros.
“Alguns conseguiram se reinventar, adaptando seus negócios ou até criando novos negócios na mesma área ou em outra, mas a maioria não conseguiu. Por ser um setor de serviços, onde as atividades profissionais estão muito ligadas ao trabalho temporário, por evento, e à informalidade, a grande massa trabalhadora foi quem mais sofreu”, explica a presidente da Abracs, Luciana Mendes.

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Para orientar e auxiliar esses profissionais, a associação organizou lives e atuou em campanhas de socorro ao setor, com arrecadação e distribuição de cestas básicas, produtos de higiene e roupas, além de ter buscado fazer um diálogo com o Governo do Estado em prol de um auxílio financeiro específico ao segmento, o qual teve algumas categorias profissionais beneficiadas.
Com a reabertura dos estabelecimentos e flexibilização das medidas sanitárias, possibilitadas pela vacinação de 67,49% da população paraense com pelo menos a primeira dose, o setor de eventos volta agora a respirar.
“Muitas empresas fecharam as portas e outras vêm surgindo, mas os profissionais agora estão reorganizando as suas vidas. Antes da pandemia, o setor de eventos causava um impacto de cerca de 5% do PIB brasileiro. A crise causou prejuízos de bilhões de reais para os cofres públicos, a quebra de empresas e o desemprego. Agora, com a retomada, espera-se um reaquecimento do setor, que ainda não está acontecendo em sua totalidade, pois o mercado ficou estremecido e ainda há restrição em diversos estados e municípios do país”, frisa Luciana.
A locatária de espaço de eventos e decoradora, Soraya Santos, conta que começou a trabalhar nesse segmento, em Belém, há 15 anos, quando perdeu a irmã e ficou com a guarda das duas sobrinhas, além das duas filhas que já tinha. Hoje, seis pessoas trabalham com a profissional e dependem do negócio para se manter.
“Quando começou a pandemia, nós fechamos, pois não tinha como pagar e locar o local onde eram realizados os eventos. Não havia clientes. Passamos a nos manter com diárias que meu marido fazia de vez em quando e com cartões de crédito que tinha, e até agora não consegui terminar de pagar”, revela a decoradora.

Foto: Arquivo pessoal
Antes da crise, a equipe de Soraya fazia cerca de 18 eventos por mês e agora com a reabertura conseguiu alcançar uma média de oito, com a expectativa de ampliar esse número cada vez mais com a flexibilização.
Essa também é a esperança de Josinelson Castro (Tio Chocolate) e Nilton Moreira (Tio Calhambeque), que trabalham com animação e recreação para o segmento infantil na capital do Estado. A dupla surgiu há 28 anos, quando os dois participavam de um grupo de teatro nos bairros da Pedreira e Sacramenta. Lá conheceram o Palhaço Tio Chantilly, que já trabalhava no ramo e os inspirou a entrar para a área. Com a pandemia de covid-19, os profissionais também viram suas atividades serem completamente interrompidas.
“Passamos por muitas dificuldades, principalmente financeiras, pois ficamos mais de um ano e meio sem evento algum. O ramo foi o primeiro a ser prejudicado com a pandemia e um dos últimos que teve o seu retorno contemplado. Durante esse tempo, nos mantivemos pedindo dinheiro emprestado e nos desfazendo de bens adquiridos com muito esforço durante anos. Até consegui o auxílio emergencial, mas o valor era pequeno para suprir as necessidades do dia a dia mais as contas que chegavam de antes da pandemia”, ressalta Josinelson.

A dupla chegava a organizar de oito a 14 eventos por mês, com ampliação desse número nos meses de outubro, devido ao Dia das Crianças, e dezembro. Segundo eles, a reabertura está apresentando resultados ainda tímidos: cerca de dois eventos a cada mês, mas com a perspectiva constante do retorno dos clientes.
“Muita gente acredita que é fácil e simples trabalhar com animação e recreação. O que eles não sabem é que durante o ano estudamos, fazemos cursos em outros estados, nos preparamos, tudo para dar o melhor de nós, para tornar o evento do nosso cliente um sucesso. E que nosso trabalho nunca é feito de qualquer jeito e sim com amor e carinho, que são o nosso cartão de visita para outros possíveis trabalhos”, conclui o animador de festas.