
Uma volta pela capital paraense já mostra o quanto a cidade está repleta de iniciativas autorais, que agregam qualidade, valor e personalidade em seus produtos, além de se mostrarem como uma alternativa mais sustentável para o consumo. Feitas por empreendedores locais, as peças refletem a riqueza cultural paraense. Para reunir algumas dessas tendências, nesta quinta-feira (07), acontece o Comércio Delas: Expo Círio 2021, um evento que reúne um mix de lojas em um só lugar. Cerca de 30 empresas participam da programação, que segue com entrada franca até 09 de outubro, no Radisson Hotel.

A idealizadora da iniciativa, Glenda Braun, conta que o projeto surgiu há três anos, com o objetivo de gerar oportunidades de negócios e criar estratégias para o empreendedor se reinventar e se capacitar. “Viajei pelo Brasil estudando o mercado e vejo que em nosso Estado podemos ajudar muitos empreendedores a se estabilizar. O Comércio Delas vem para criar uma flexibilidade e estratégias logísticas para que o comércio faça a movimentação na economia, gerando oportunidades para empresas de pequeno, médio e grande porte”, diz.
A designer de moda, Denilze Lima, lançará no evento a marca Delier, voltada para o público feminino que aprecia moda autoral e que gosta de se sentir confortável e bem vestida ao mesmo tempo. Ela conta que atuar no segmento de moda é um sonho antigo, que está sendo alcançado aos poucos. Para ela, o mercado de moda autoral em Belém está em ascensão.

“Isso está acontecendo devido a busca por conhecimentos e aos eventos que fortalecem a criatividade dos designers locais. Pelo que observo, mesmo no período de pandemia, as vendas não pararam, apenas mudaram de formato. O online veio para ficar e a retomada das vendas estão sendo graduais e com boas oportunidades de negócios. As feiras como o Comércio Delas são uma ótima oportunidade para fomentar novas oportunidades no mercado, estimular e ampliar seu networking, além de funcionar como ferramenta de marketing, dando visibilidade para as marcas participantes por meio da divulgação nas mídias”, comenta Denilze.
Empreendedorismo cultural
Outra iniciativa com programação prevista é o Beirando a Moda, que retoma as atividades de mercado itinerante no dia 15 de novembro, no Parque da Residência. O projeto teve início em 2017, com o intuito de incentivar as pessoas a vivenciarem cada vez mais a cultura local, por meio da valorização dos saberes e fazeres manuais e do empreendedorismo.

“De lá para cá, a quantidade de pessoas que vem se dedicando às manualidades, ao design autoral e tradicional e apoiadores da iniciativa só cresce. Nós enxergamos esse movimento com muito orgulho, além de sentirmos a necessidade de abraçar novos horizontes e contagiar cada vez mais a rede criativa e colaborativa. O nosso objetivo é sempre fortalecer os saberes e a cultura locais e promover o desenvolvimento social e econômico da nossa região, além de valorizar a arte e a cultura do Pará no circuito nacional do empreendedorismo consciente, sustentável e da economia colaborativa”, explica Loli Furtado, co-founder do Beirando a Moda.
Com espaço fixo na Vila Container, localizada na Av. Magalhães Barata, em Belém, a loja conta com 50 marcas locais de diversos segmentos e funciona de terça a sábado, das 16h às 21h. Nos quatro anos de projeto, já foram realizadas mais de 20 edições do mercado itinerante e foram movimentados cerca de 1 milhão de reais, com a participação de mais de 500 empreendedores.
Uma das marcas presentes na loja é a Garden Art, idealizada pela artesã Nai Nóvoa, em 2019. Segundo ela, a marca surgiu de forma despretensiosa, pois as manualidades sempre estiveram presentes em sua vida, foi quando ela optou por unir e rentabilizar a paixão pela arte e pelas plantas. De acordo com a artesã, 80% das peças vendidas são para presentear. Já entre as pessoas que compram para si mesmas, a maioria são mulheres de 25 a 45 anos, e os produtos são enviados para todo o Brasil.

Nai Nóvoa
“Logo no primeiro ano, fui convidada a participar de inúmeras redes de economia circular e criativa aqui em Belém, inclusive estivemos na exposição promovida pelo Instagram. Com tanto apoio, vi que seria possível um negócio relacionado à moda e bem-estar, inspirando sustentabilidade e vida desacelerada e promovendo o fazer manual de forma autoral. Esse seria um caminho de negócio para trilhar com entusiasmo, então comecei a criar minhas peças devagar e em baixíssima escala, para que fosse possível ser próxima ao público, firmando e mantendo laços que vão além do comercial”, pontua a empreendedora.
Por meio do Garden Art, Nai produz biojoias personalizadas, onde o cliente escolhe quais fragmentos botânicos ou afetivos deseja gravar no material. A marca também atua com relicários, onde é feito o encapsulamento de flores, cabelinho ou dentinho infantil, fotos, cinzas, entre outros. A empreendedora revela que a inspiração do seu trabalho vem do paraense, que tem raízes fincadas nos rios. Para ela, cada vez mais a cultura local está em alta e a ancestralidade é mais valorizada.
“Belém transborda cultura, nos dando uma fonte riquíssima de inspiração. No meu caso, pesquisando etnobotânica, as possibilidades de novos produtos são infinitas, e eles têm uma aceitação incrível do público. Enquanto consumidores, estamos cada vez mais atentos à importância do fazer manual e do fomento ao trabalho de artistas locais. Projetos como o Beirando a Moda são de grande importância para que estejamos em movimento, ocupando espaços na cidade. Acredito que esse apoio seja primordial para levarmos nossas marcas e produtos ao conhecimento de mais pessoas, minimizando custos, sendo rede de incentivo, apoio e inspiração”, conclui.
Conheça os projetos pelo Instagram:
Comércio Delas: @comercio_delas
Delier: @delier.oficial
Beirando a Moda: @beirandoamoda
Garden Art: @gardenart.nai