Aos 18 anos, Claudio Batista fundou a Jurunense Home Center. Em 40m² de loja e contando com apenas um funcionário, o CEO/Founder, que possui especialização em liderança e gestão, deu início a um dos maiores empreendimentos do varejo de materiais de construção da capital paraense. Hoje, prestes a abrir sua sétima loja, o empresário dá uma aula de gestão. Confira na entrevista exclusiva ao Cenário News.
Como e quando surgiu a ideia de fundar a Jurunense?
Eu tinha passado em arquitetura na Universidade Federal do Pará (UFPA) e meu primo estava se formando em engenharia civil. Nossa ideia era montar uma construtora, na época estava ocorrendo um boom imobiliário em Belém, lá por 2005, 2006. Foi quando tive a ideia de montar uma loja sozinho, sem sócio, que venderia para a construtora. Como eu já estava no meio, teria muito network na área. A gente trabalhava com muito material básico, seixo, areia, cimento, madeirame para obra. A Jurunense surgiu dessa forma.
Quais são os maiores desafios de estar à frente do negócio?
Depende de cada fase que a empresa vai passando. Eu sempre digo que quando temos uma empresa, ela começa como um bebê, vira um adolescente até se tornar uma empresa adulta. Quando a empresa é pequena, o primeiro desafio é entender um pouco de tudo: comprar, vender, definir o que vai entregar, contratar, cuidar do financeiro. Até aí você tem uma média de 30 funcionários, conhece todo mundo, está próximo todo dia. A dificuldade é conseguir se organizar para atender toda a demanda e manter o ritmo de expansão e crescimento. Quando chega num segundo momento, em que aumenta o tamanho da empresa, já ali próximo de 100 funcionários, aumenta a quantidade de lojas, já não se consegue estar em todos os lugares e é preciso se preocupar com o processo e com o time. Como controlar isso? Tem que ter um sistema mais robusto de controle, logística, produto, então precisas te aperfeiçoar cada vez mais na liderança. E agora acredito que estamos numa terceira fase, que é quando a empresa vai ficando grande. Temos hoje 450 funcionários, estamos indo para a sétima loja, aquela cultura de quando você tinha 30 funcionários e conhecia todo mundo, hoje já é mais difícil, então entra o desafio da comunicação. O gestor precisa entender em que fase a empresa dele está, ser meio que um camaleão, tem que ir se adaptando a essas novas etapas e cada vez que a empresa vai crescendo ele tem que ir melhorando. O Claudinho de hoje com certeza é um cara muito diferente do Claudinho que tinha apenas uma loja. Temos que ir buscando esse conhecimento, aperfeiçoando o nosso modelo de gestão, testando o pequeno e errando para poder acertar grande. E tem que ter muita gente do teu lado, precisas de um departamento de auditoria, uma contabilidade mais organizada e os processos muito bem definidos. Se essa comunicação não for clara, vai ser a tua maior dificuldade nessa etapa. O principal é manter a cultura e a tomada de decisão, não deixar o ego subir à cabeça, acreditar que precisa melhorar todo dia.
Quais os diferenciais em serviços e produtos oferecidos pela Jurunense ao cliente?
Eu digo que a gente vende material de construção do início até o final da obra. E toda a loja de material de construção tem os mesmos tipos de produto, o mesmo mix, a mesma a linha, os preços são muito parecidos. A gente tenta se destacar no layout de loja e já vemos um diferencial, investimos no marketing, fazemos muitas campanhas, trabalhamos para ter o melhor atendimento, a melhor exposição do produto, pois o cliente compra muito pelo olho na loja física. Fomos a primeira loja do segmento a implantar o e-commerce e fazemos hoje uma boa venda pelo WhatsApp, pelo site, mas os nosso diferencial é o atendimento, a cultura de se importar com o cliente, de ter a entrega mais rápida, de ter campanhas diretas de marketing com o melhor preço, incentivando o cliente com sorteios. A gente tem um parcelamento mais elástico do que os concorrentes. A gente tem a fama de ter o melhor preço, atendimento diferenciado, temos lojas em pontos estratégicos, o nosso marketing é muito forte, temos um mix de produtos diversificado com preço justo, entrega expressa que é feita até em 12 horas e continuamos investindo muito em logística. No próximo ano, teremos muito investimento na parte financeira com o nosso crediário próprio. Hoje a gente já parcela de dez, doze vezes sem juros e até dezoito vezes no cartão Jurunense. Então a gente tem alguns benefícios que os outros não têm.
Como foi para a Jurunense atravessar esse período de pandemia? Que medidas a loja adotou para manter as vendas aquecidas e seguir na liderança de vendas na cidade?
Tirando o pior lado no qual muita gente ficou doente, perdeu amigos e ente queridos, a panemia para nós foi uma escola, ela mostrou o quanto podíamos nos reinventar e reinventar rápido. Fomos os primeiros a correr para o digital, para o atendimento online, para o site e melhorar nossa plataforma digital. Tomamos todas as medidas necessárias dentro da loja, desde o afastamento na fila do caixa, álcool em gel, pia para lavar as mãos nas entradas, todo mundo de máscara, distanciamento do cliente com o vendedor com o uso de barreiras que impediam o contato mais próximo, então respeitamos muito isso. Mas também fizemos ações e fomos impulsionados pelo momento da economia com o auxílio emergencial, conseguimos falar com o nosso público e mostrar que tínhamos tudo para atender ao cliente naquele momento e com a maior segurança possível, então ao invés de pisarmos no freio, fizemos o contrario: abrimos mais uma loja na Cidade Nova em julho do ano passado, no meio da pandemia, outra em julho deste ano na Senador Lemos, já nessa segunda fase da pandemia. Como todos, tivemos problemas sim, principalmente na época do lockdown, quando os clientes não podiam sair para a rua, então a nossa venda caia e a gente tinha que fazer o contrário, não esperar o cliente vir na loja, mas ir até ele por meio do WhatsApp, do site, das redes sociais. Soubemos trabalhar muito bem isso e eu acho que foi um divisor de águas na nossa evolução. Crescemos durante a pandemia 107% de um ano para o outro, enquanto muita empresa demitiu e retraiu, nós contratamos e agora no final do ano vamos inaugurar mais uma loja em Castanhal. Então, acho que o diferencial todo foi definir a estratégia, manter o cuidado com o cliente e com os funcionários, mas sempre pensando no melhor resultado da empresa.
Como a Jurunense se prepara para receber seus clientes nesse época de Círio? Já é possível sentir o aumento da procura de itens para esta época do ano?
A gente tem um momento muito sazonal no material de construção. A gente vende 35% do nosso faturamento do ano, no primeiro semestre, e 65% no segundo semestre. Essa maior tendência de vendas no segundo semestre se deve a fatores como: a diminuição das chuvas, então o clima muito mais propício para reforma; o cliente se prepara ali pra receber a família em casa no Círio, no Natal e nas festas de fim de ano. Mas esse ano não aconteceu muito isso. A venda vem se mantendo constante, desde o mês de janeiro, diminuiu em março, quando teve um outro lockdown e depois a gente veio crescendo, mês a mês, e aumentando a loja. O que acontece agora, na época do Círio, é que muda um pouquinho o mix de produtos que é vendido – a gente começa a vender muito mais utilidades, investe muito mais nessa parte de panela, rechaud, prato, tudo que seja para servir o tradicional almoço do Círio, mas sem perder nossa identidade do material de construção. Como o cliente vai preparar a casa dele, a gente vende muito material de pequena reforma, para pintura, para trocar uma porta, uma janela que está emperrada, uma fechadura que estava quebrada, então a gente sente um aquecimento sim no mês de setembro, das pessoas começarem a se organizar e organizar a casa pra para esse momento, que a gente chama de Natal dos paraenses. Sentimos uma diferença tanto no mix que é vendido, no ticket e na quantidade de pessoas que visitam a loja. O Círio para nós é muito bom e apesar de não ser realizado maneira tradicional (com procissões) como gostaríamos, não podemos reclamar. A gente vem fazendo um trabalho muito forte em cima disso e eu acho que agora estamos começando a colher os frutos.