Em entrevista exclusiva ao Cenário News, o secretário de Estado de Turismo, André Dias, detalhou os desafios e esforços da Setur para fomentar o segmento turístico paraense, os planos adotados e os resultados positivos já alcançados desde o início da pandemia de covid-19. Confira:
Quais as medidas adotadas pela Setur para incentivar a retomada do turismo paraense?
A principal medida adotada foi a criação e elaboração a muitas mãos do Plano de Retomada do Turismo no Pará “Abre Caminho”. O plano foi elaborado ano passado, no auge da pandemia, e continua com uma série de medidas para uma retomada do turismo responsável e segura nesse período de enfrentamento à covid-19. E dele derivam 22 ações que estamos colocando em prática e avançando mês a mês, tais como linhas de crédito para empresários do setor, reposicionamento digital e reformulação do site promocional Visit Pará, cursos de qualificação e capacitação profissional, elaboração de inventários da oferta turística, a realização de palestras e orientação online em plataforma virtual durante a pandemia, implementação de protocolos de segurança sanitária, lançamento da campanha publicitária voltada ao turismo estadual, denominada Redescobrir o Pará, implementação do PIT (Plataforma Integrada do Turismo), participação em feiras nacionais e internacionais, promoção e realização da FITA (Feira Internacional de Turismo da Amazônia) em novembro de 2021, dentre outras.
Há linhas de crédito para incentivar os estabelecimentos nessa retomada?
Sim, dentro do próprio Plano Abre Caminho estão contempladas linhas de crédito para que os empresários e o setor tenham fôlego operacional. Entre as medidas já executadas, em andamento ou previstas estão a linha de crédito especial para o turismo, que pleiteamos no Fundo Esperança – e que já teve duas fases, além de capital de giro no Banpará para empresários do setor. Durante o ano inteiro, o Turismo é um setor que emprega muito. Temos dados, que antes da pandemia, um em cada cinco empregos no mundo são gerados por empresas ligadas ao turismo. Cerca de 10% da mão de obra mundial trabalha com turismo, aqui no Pará é algo em torno de 5%. É um setor que gera muita renda, e mais importante que isso, distribui muita renda. A gente aposta no turismo como uma forma de desenvolvimento econômico mais sustentável em nosso Estado.
Fale um pouco sobre o plano “Abre Caminho”, desenvolvido pela Setur. Qual o objetivo dessa iniciativa?
O Plano Abre Caminho tem como objetivo acelerar a retomada das atividades turísticas no Estado do Pará e a recuperação dos prejuízos causados pelas paralisações decorrentes da covid-19, por meio de 22 medidas mitigadoras dos danos ao setor, conforme citei anteriormente, e que fomentem novos negócios e fluxos turísticos, na velocidade mais rápida possível para superar a crise econômica, que foi instaurada com a pandemia. A gente sabe que o turismo envolve muitas pessoas no Pará, que representa um ingresso na economia paraense de algo em torno de R$ 750 milhões por ano, com pessoas vindas de outros estados e países. Uma fatia importante do PIB do Pará. A faixa social que emprega o turismo é muito vasta, como o garçom, a camareira, o copeiro, o recepcionista de hotel, guias, gerentes, chefs de cozinha, entre outros atores envolvidos. Muitos se reinventaram durante o processo mais severo da pandemia. Hotéis não ficaram obrigatoriamente fechados, porque foram considerados serviços essenciais. Porém, sem fluxo turístico, eles não tinham clientes. Muitos empresários conseguiram se segurar durante o segundo semestre do ano passado porque encontraram um fluxo importante, principalmente para o interior do Estado. O mercado consumidor de Belém, ao invés de se deslocar para outros estados ou países em busca de oferta turística, passou a se deslocar internamente. Alguns foram para o Marajó pela primeira vez, ou para Salinas, ou voltaram depois de muitos anos para Santarém, e esse fato movimentou bastante a economia local. Esse foi um dos êxitos do Plano Abre Caminho.
Quais resultados já foram gerados? Quais os próximos passos?
O Redescobrir o Pará é justamente uma das estratégias do plano que fomenta o turista a viajar aqui pelo estado, com uma série de ações de mídia, de publicidade, de promoção e apoio à comercialização dos produtos paraenses para os próprios paraenses, e continua a todo vapor. Temos investido também em infraestrutura turística. Começamos agora as obras do Centro de Convenções de Santarém, um investimento de mais de 80 milhões de reais. Inauguramos com o governador o novo aeroporto de Salinópolis. Estamos trabalhando fortemente na qualificação de mão de obra turística. Já capacitamos mais de 150 condutores de trilhas ambientais para ecoturismo e turismo de natureza, de olho nessa nova tendência do mercado de buscar produtos voltados à relação com a natureza.
Quais as expectativas para este segundo semestre?
Recebemos na última sexta-feira, dia 03 de setembro, a boa notícia de volta do vôo Belém-Lisboa, que tem previsão de retomada para o dia 31 de outubro. Essa abertura para os turistas brasileiros é resultado de um decreto que tem vigor até o dia 16 de setembro, podendo ou não ser prorrogado. Ao longo da pandemia, conversamos com a TAP frequentemente sobre o assunto. É um mercado que vai levar mais tempo para se reestabelecer. Estamos trabalhando forte para que isso aconteça o quanto antes, mas no momento o foco são os turistas do Estado e nacionais. Já aqueles turistas estrangeiros que nós tínhamos aqui, vão demorar um pouco mais para regressar. A gente espera que a vacinação possa avançar com toda a população adulta, o que nos dá uma segurança grande para retomar as atividades turísticas e a promoção do turismo do Pará em outros destinos, para trazer mais turistas em segurança e com a maior certeza de que estamos com a pandemia controlada.