
O momento é de retomada para a economia de muitos restaurantes, na capital paraense. Agora com menos restrições e os clientes voltando ao espaço físico. Donos de restaurantes estão adotando novas estratégias para esta retomada, como recontratação de funcionários, planejamento de expansão e etc. O cenário é de aposta no mercado da capital paraense, e de traçar novas metas do setor até a recuperação total. Sobre o assunto, conversamos com o empresário, Rogério Perdiz, sócio do restaurante Engenho Dedé.
Bares e restaurantes da capital foram alguns dos setores mais impactados pela pandemia. Como ficou o atendimento no Engenho Dedé? O delivery foi uma alternativa para vocês?
Nós tivemos dois momentos bem distintos: a primeira onda, ano passado, e a segunda onda, neste ano. Na primeira onda ficamos fechados, suspendemos o atendimento no restaurante, como ocorreu em todo o Boulevard Shopping. Naquele momento, não estávamos atuando no delivery, então tivemos que fazer essa migração de forma rápida. No entanto, o delivery tem a sua própria forma de administração, mas ele não substitui integralmente o atendimento de um restaurante. A experiência em restaurante é o ambiente, o serviço, os produtos, a gastronomia, as bebidas, o entretenimento, a brinquedoteca. Não dá para levar tudo para o delivery. Ele representou para a gente em torno de 15% de faturamento.
Logo após a primeira onda, foi um processo complicado, quando tivemos que tomar decisões difíceis, inclusive com demissão de quase 30% do quadro de funcionários, depois tivemos que enquadrar os que ficaram na MP do Governo Federal para a garantia dos empregos. Foram três meses de portas fechadas.
Nesse momento em que a vacinação avança, temos menos casos de covid e menos restrições, podemos dizer que os restaurantes voltaram a registrar o mesmo movimento de antes do início da pandemia?
Na segunda onda, observamos a retomada aos padrões pré-pandemia e, para nós, o ano comparativo de referência é 2019, somente agora em julho conseguimos atingir um patamar próximo do que tínhamos de faturamento em julho de 2019. Em agosto, também, ficamos muito próximos. Ainda não houve uma retomada integral por diversos fatores, não só de restrições, mas também econômicos, como a inflação e a segurança que a pessoa quer ter em não sair de casa. Tudo isso interfere para que ainda não tenhamos números superiores a 2019.
Quais as estratégias tomadas pelo Engenho para essa retomada? Quando de fato ela começou?
Tivemos duas fases de retomada: ano passado, após o lockdown, e a retomada de agora. As primeiras estratégias na retomada foram para garantir a sensação de segurança às pessoas que frequentam o restaurante, seguindo à risca os protocolos exigidos pelos órgãos de controle: distanciamento das mesas, procedimento com tapete sanitizante, álcool em gel, todos os funcionários com máscara e faceshield e uma série de medidas que permitisse mais segurança nos processos e no envolvimento com os clientes para garantir qualidade de atendimento e segurança no ambiente. Outra coisa que fizemos foi adequar o cardápio às necessidades atuais e lançar produtos novos. O lazer e entretenimento ficaram com restrições por mais tempo e não podíamos utilizá-los. Fizemos um investimento no delivery para ele alavancar e funcionar. Criamos canais de comunicação com os clientes, principalmente nas redes sociais, mostrando o trabalho que estávamos fazendo para garantir uma retomada segura.
Houve recontratação de funcionários ou novos planos de expansão da empresa?
Desde junho, começamos a fazer algumas recontratações. Ainda não voltamos com o quadro que tínhamos em 2019, mas com o aumento do fluxo fizemos algumas recontratações de postos-chave que tinham sido desligados durante a primeira onda. Estamos com uma previsão de até o final do ano contratar mais algumas pessoas e chegar próximo ao número de 2019.
Em relação à expansão, neste momento vamos mudar o nosso ponto. Vamos sair do P4, do Shopping Boulevard, e vamos para o P1, com maior fluxo, visibilidade e também um custo operacional menor. Expansão de outras unidades em Belém e outras cidades estamos deixando para um cenário melhor em 2022.
Há alguma previsão para essa recuperação total de movimento?
Acredito que entre outubro e dezembro deveremos atingir o mesmo número de atendimento e faturamento que tínhamos em 2019. É claro que em uma análise econômica precisaríamos incluir a inflação do período para fazer uma análise correta dos números. Se a gente acrescentar a inflação do período, a meta vai demorar um pouco mais, mas em relação aos valores absolutos dos dois anos, até o final do ano devemos chegar e até ultrapassar se mantermos as atuais condições de trabalho