Com a crescente preocupação com a saúde, sobretudo no período de quarentena, se popularizaram ainda mais as chamadas rotinas de skincare, voltadas para os cuidados com a pele. Toda essa procura se reflete no mercado de estética, que engloba o trabalho de clínicas, salões de beleza, barbearias, consultorias de imagem e estilo, perfumaria e cosméticos, entre outras atividades, colocando o Brasil na 4ª posição do ranking mundial em consumo de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC), atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão. Segundo a Euromonitor International, o país encerrou 2020 com crescimento de 4,7%, atingindo R$ 122,408 bilhões, e manteve a tendência de alta registrada em 2019 (3,9%).
Nesse quesito, o Pará também se destaca. Dados da Junta Comercial do Pará (Jucepa) mostram que houve um aumento no número de abertura de empresas do setor de estética no Estado, passando de 3.230 em 2019 para 3.602 em 2020. Só no primeiro semestre deste ano, já são mais 2.934 empreendedores no ramo, dos quais, 2.849 são Microempreendedores Individuais (MEI), 70 são proprietários de Microempresas (ME), 11 de Empresas de Pequeno Porte (EPP) e 4 não foram especificadas.
Belém detém 34,59% desse total, chegando a 1.015 novos estabelecimentos, seguida de Ananindeua, com 364 (12,41%) e Santarém, com 164 (5,59%). As atividades que mais se destacam são as de cabeleireiros, manicure e pedicure, com 1.964 jovens empresas criadas este ano. Já a atividade de estética e outros serviços de cuidados com a beleza chegaram a 970.
Para a presidente da Jucepa, Cilene Sabino, isso mostra que, mesmo com a pandemia, houve um crescimento expressivo no setor. “Alguns fatores podem ter contribuído para esse avanço, como a facilidade do registro 100% digital e as oportunidades de crédito que foram oferecidas para esse nicho específico, podem ter oportunizado esse crescimento que tende a prosperar. Vemos no Estado um ambiente de negócios melhorado significativamente, tanto que somos o primeiro lugar no ranking Doing Business subnacional do Brasil, segundo dados do Banco Mundial, no quesito abertura de empresas. Isso também atrai os olhos do mundo para a economia do Pará, que é rico principalmente em sua criatividade e se reinventa diariamente”, avalia a presidente.
Para reforçar o cenário positivo para o setor, o grupo de saúde e cuidados pessoais foi o único que teve queda na inflação durante o mês de julho de 2021 (-1,11%), em Belém. Os preços de produtos farmacêuticos também tiveram baixa, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Autocuidado e aceitação
Cuidar da beleza é mais do que sinônimo de vaidade. Para a expert em cachos, Nara Fernandes, proprietária do Studio Realeza dos Cachos, pode ser um reencontro com a essência de cada uma e cada um e a ressignificação da autoestima. Criado em junho de 2017, o espaço é voltado principalmente para atender pessoas que possuem cabelos cacheados, ondulados e crespos, oferecendo serviços de design de corte para transição e cortes para cabelos com curvaturas, tratamentos naturalistas e o método autoral de Afroterapia Capilar, que é um processo de acompanhamento e adaptação a quem busca saúde e está na transição capilar.
“Nosso público são pessoas que buscam conhecer o seu cabelo natural e aprender sobre uma rotina adequada de cuidados. A maioria alisou por anos e hoje não sabe como cuidar sozinha do cabelo e somos especialistas em ajudar. Atuar na área de cabelo natural é uma mistura de sensibilidade e empatia, pois precisamos compreender as dificuldades e dores de quem passou a vida sem se conhecer de verdade e hoje nos buscam para se reencontrar. Então, é um segmento que exige empatia e respeito pela história de cada um, sem preconceito e sem padrões”, explica Nara.
Com a pandemia e o consequente fechamento dos salões de beleza, o empreendimento precisou se adequar, mas com a reabertura, teve um crescimento significativo e o número de clientes dobrou. “Se eu não tivesse uma reserva financeira, a empresa teria fechado, empregos seriam perdidos. Foi ela que nos ajudou a manter todos os postos de trabalho e nos permitir recomeçar. Hoje, planejamos sempre com foco no que pode vir a acontecer. Queremos expandir, crescer, mas sem deixar de analisar a realidade atual do nosso país e tudo o que envolve o social implica no nosso negócio. Então, crescemos à medida que a oportunidade aparece”, comenta a empresária.
Outro espaço focado nos cuidados com a saúde, beleza e autoestima é o Clube Depil, administrado pela sócia-proprietária Raiza Aquino. O empreendimento existe há oito anos, oferecendo serviços de depilação a cera e a linha, esmalteria e limpeza de pele, mas o grande destaque é a depilação e design de sobrancelhas, atraindo predominantemente o público feminino, que compõe 90% dos atendimentos, apesar da procura crescente pelos homens nos últimos anos.
A empresária conta como foi o período mais forte de pandemia para a manutenção do espaço. “Foi bem desafiador, trabalhamos diretamente com atendimento ao público e ficar de portas fechadas gera bastante impacto. Em 2020, observamos uma queda em número de atendimentos, porém aumentamos o ticket de venda. Já este ano, conseguimos observar uma crescente nos atendimentos”, revela.
Entre as estratégias para atravessar o período, Raiza destaca o aperfeiçoamento da equipe, investimento em treinamento para levar ao cliente um atendimento diferenciado e também o foco no relacionamento com as clientes, além de seguir todas as recomendações de biossegurança, ter uma reserva financeira e sempre negociar os insumos com os fornecedores para conseguir um preço competitivo sem diminuir a qualidade. “Tendo em vista o avanço da vacinação, estamos esperançosos que teremos um segundo semestre com mais estabilidade e poderemos tirar do papel alguns projetos que por precaução decidimos adiar”, conclui.