Segmento foi impulsionado pela pandemia e a crescente adoção de animais domésticos
Eles são a sensação da internet e, durante a pandemia, têm sido responsáveis por fazer companhia aos seus tutores em casa, levando mais pessoas a recorrerem à adoção de animais de estimação, sobretudo cães e gatos. De acordo com a União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), aumentou em 400% a procura de pets nesse período. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) apontam que, no Brasil, existem mais de 140 milhões deles dentro dos lares.
Toda essa procura também se refletiu na economia: em 2020, o Brasil se tornou o segundo maior mercado de produtos pet, de acordo com levantamento feito pela Euromonitor International, chegando à marca de 6,4% de participação global e ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que detém 50% do mercado. Além disso, o segmento movimenta cerca de R$ 130 bilhões por ano no mundo.
Segundo a Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa), em 2020, foram abertas 547 empresas desse segmento no Estado e 447 somente no primeiro semestre de 2021, números bem acima dos que foram alcançados em 2018 (342) e 2019 (375).
Para quem tem interesse em investir nesse mercado, as oportunidades são variadas: pet care, que inclui serviços de banho e tosa, produtos de beleza e higiene e acessórios; pet shops, que comercializam rações, roupas, brinquedos, caixas de transporte, medicamentos, produtos de limpeza hipoalergênicos, entre outros; pet services, que ofertam serviços de adestrador e passeador; pet sitter & hotelaria, que são como uma espécie de “babá” para os animais; saúde animal; e pet food, voltado para a alimentação natural dos pets.
Serviço completo – Em Belém, um dos estabelecimentos que agregam esses diferentes serviços é o Pet & Co, inaugurado há quase um ano pelas sócias Rebeca Ribeiro e Isabela Ciarallo. O espaço oferece banho e tosa, consultas, vacinas, exames, farmácia, alimentação, acessórios e creche canina. Segundo Rebeca, os produtos mais procurados pelos clientes são os acessórios exclusivos.

Foto: Arquivo pessoal
A empresária explica que a ideia do negócio surgiu pelo amor que as amigas têm pelos animais e pela oportunidade de empreender em um ramo que gostam. “Abrimos no auge da pandemia, na cara e na coragem. Não temos como avaliar ainda, estamos aguardando o ano de 2022 para ter parâmetros melhores, mas estamos muito confiantes na melhora e retomada da economia. Acreditamos que o segundo semestre será muito bom, com mais pessoas vacinadas e a economia voltando a respirar”, pontua.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) avalia que, com a pandemia, 72% dos pet shops tiveram seu faturamento reduzido em cerda de 37% em 2020, mas isso não representa uma queda significativa na atratividade do segmento. Para driblar a crise, Rebeca comenta que o espaço realiza promoções fixas, com descontos em alguns dias da semana. Além disso, aposta em serviços exclusivos, com produtos de alta qualidade e preço compatível com o mercado local.
Amor pelos pets – A empresária Gilmara Oliveira é tutora de uma cadelinha de 16 anos chamada Fofinha. Ela conta que ganhou o filhote com um mês de vida. Na época, Gilmara estava vivendo o luto da perda da mãe, e a companhia da cachorrinha foi fundamental para atravessar a fase. “Ela veio para minha vida como um anjo para superar aquele momento, um conforto de amor e paz no meu coração. A sensibilidade dela é fortalecedora, ela é a alegria da casa. Brincamos, passeamos muito, tudo com a leveza que os animais de estimação nos proporcionam. Só vai entender quem já teve esse sentimento tão puro”, diz.
Todo esse amor também se reflete em cuidados: Gilmara explica que, mensalmente, investe de R$ 250 a R$ 300 em banho, tosa, consultas e alimentação. Além disso, a cadelinha já precisou fazer raio x, ultrassonografias nas duas gestações que teve e recorrer a serviços de emergência 24h.

Foto: Arquivo pessoal
“A primeira experiência foi quando ela comeu veneno para rato aos sete anos. Foi uma sensação horrível, achei que ia perdê-la. Levamos para uma clínica 24h na Cidade Nova, ela ficou um dia internada e depois melhorou. Com 13 anos, ela fez a castração, o que me deixou muito aflita, devido à idade avançada, mas também deu tudo certo. Passados alguns meses, ela precisou operar novamente, dessa vez para retirar um nódulo do peito”, conta a empresária.
O bancário Manoel Meireles também compartilha dessa paixão pelos bichos, que se reflete no seu relacionamento com os cãezinhos Frederico, de 5 anos; Jorge, de 4; e Beck, de 2. O tutor explica que o banho semanal e a ração, comprada em sacas, são responsáveis pelos custos rotineiros com os amigos de quatro patas, mas entram nessa conta também as vacinas programadas e outros tratamentos de saúde, que na ponta do lápis representam entre R$ 1.300 e R$ 1.500 das despesas mensais da família.

Foto: Arquivo pessoal
“Já recorremos ao hospital veterinário 24 horas em duas ocasiões. O Frederico foi o que mais precisou, porque no início da pandemia ele teve uma hérnia de disco severa e ficou paraplégico. Com ele, gastamos ainda com as fraldas, pois essa situação comprometeu suas funções, e com a cadeirinha, onde o colocamos quando saímos para passear”, comenta o bancário. “Ele acabou me ensinando muito sobre aceitação, sobre amor. Um dos maiores ganhos que tenho na vida é saber que independentemente de qualquer estresse que eu enfrente, basta olhar para eles e, com esse amor incondicional, consigo recarregar. É uma ligação muito incrível e só quem é pai de pet entende isso”, conclui.