Lançado em julho de 2011, iniciativa nasceu com objetivo de se tornar um vetor de negócios sustentáveis pela união entre ciência, conhecimento tradicional e empreendedorismo local
Quando lançou a marca Ekos, no ano 2000, a Natura passou a utilizar ativos da biodiversidade brasileira em seus cosméticos, colaborando para aproximar a Amazônia da vida dos consumidores do Brasil e dos diferentes países onde a marca está presente. Por reconhecer a importância deste bioma, em 2011 a companhia decidiu intensificar suas ações na região e lançou o Programa Natura Amazônia (PAM). O objetivo primordial era tornar a Natura um vetor na promoção de desenvolvimento local a partir da união entre ciência, conhecimento tradicional e empreendedorismo local pela valorização da sociobiodiversidade.
“Para ampliar o modelo de negócio de impacto positivo na Amazônia, era preciso aprofundar a presença da Natura na região. A partir daí, a Natura priorizou o relacionamento com comunidades da região, possibilitando que as iniciativas pudessem ganhar maior impacto a partir da atuação em rede”, explica Andrea Alvares, vice-presidente de Marca, Inovação, Internacionalização e Sustentabilidade da Natura. Como consequência da atuação com conservação da floresta em pé, biocomércio justo com geração de renda para famílias da região e garantia de condições seguras de trabalho, em 2018, Ekos conquistou o selo da União de Biocomércio Ético (UEBT – Union for Ethical BioTrade), que certifica boas práticas na cadeia produtiva.
Desde 2010, a Natura contribuiu para movimentar mais R$ 2,1 bilhões em volume de negócios na região com investimento em inovação, cadeias produtivas e fortalecimento institucional. Atualmente, a Natura conta com 38 bioingredientes (óleos, manteigas, óleos essenciais, extratos e derivados) da biodiversidade amazônica, empregados também nas formulações de rosto, para tratamento de cabelos e na perfumaria. Esse desempenho está diretamente associado ao crescimento em mais de sete vezes na compra desses insumos desde 2011. A meta para 2030 é chegar a 55 bioativos.
Devido as práticas regenerativas e de manejo sustentável, as cadeias produtivas da Natura contribuem para a conservação de 2 milhões de hectares de floresta em pé. “A oposição entre desenvolvimento econômico e conservação da floresta é uma falsa dicotomia. Ao demonstrarmos que é possível gerar riqueza e manter a floresta em pé, agregamos ainda mais valor à região. Hoje, a perda da biodiversidade é hoje uma das grandes ameaças à economia global”, afirma Andrea. Como parte do grupo Natura &Co – formado por Avon, Natura, The Body Shop e Aesop – a empresa passa a ter como meta ampliar para 3 milhões de hectares de área conservada na Amazônia até 2030, além de contribuir para zerar o desmatamento até 2025.
Conheça abaixo alguns cases de bioativos utilizados em produtos Natura Ekos.
Case do fruto Patauá, união de conhecimento tradicional com ciência e logística – O patauazeiro é uma palmeira nativa da Amazônia que chega a atingir 25 metros de altura e possui um fruto rico em óleo de altíssima qualidade para acelerar o crescimento dos fios de cabelo, deixando-os mais fortes e resistentes da raiz às pontas. “Tínhamos conhecimento que as mulheres da Reserva Extrativista Chico Mendes faziam um bálsamo para os cabelos com o fruto. Com a pesquisa conduzida pelo time de P&D da Natura, descobrimos que o óleo do patauá é um poderoso bioativo com fitocomplexo que acelera o crescimento dos fios, deixando-os mais fortes e resistentes da raiz às pontas”, explica Roseli Mello, head global de P&D da Natura.
O ingrediente é uma das cadeias logísticas mais complexas é realizada anualmente com o Patauá. Cada palmeira chega a produzir até três cachos por ano, cada um com peso médio de 16kg. Dentro da floresta, os times de P&D e da Gerência de Relacionamento e Abastecimento da SocioBiodiversidade da Natura (GRAS) orientam os fornecedores a não colherem todos os cachos, deixando o restante para regeneração do bioma e alimentação de animais. Para a coleta, a Natura desenvolveu uma cadeira especial que permite escalar a palmeira, de forma segura para o agricultor e sustentável para a floresta, pois não danifica a árvore. Os esforços para uso do bioativo seguem ainda durante a fase do recebimento da matéria-prima. Colaboradores da Natura fazem acompanhamento e monitoramento por 15 dias, em uma balsa atracada em uma das comunidades fornecedoras até dezenas de famílias extrativistas da Associação chegarem em pequenas embarcações com os frutos de patauá.
“Após serem entregues, cada saca é pesada, identificada e embalada de forma rápida e seguem para o armazenamento em carretas frigorificas”, explica Mauro Costa, gerente de suprimentos da Natura. A partir de então, os carregamentos são entregues à fábrica. Quando não é possível cumprir essa jornada em dois dias, os frutos são armazenados e congelados até o envio para a unidade fabril. “É preciso ter muito planejamento estratégico, principalmente da parte logística, para conservar todas as propriedades do fruto”.
Case do fruto Ucuuba, fruto da árvore que estava ameaçada de extinção – A ucuuba é geralmente encontrada nas áreas alagadas da Amazônia. Na década de 1980, com a produção nacional de compensados, a madeira da Ucuuba foi intensamente explorada, colocando a espécie na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês), como uma das espécies que estariam extintas até 2050.
A Natura identificou o potencial de uso das sementes de Ucuuba durante um mapeamento para o desenvolvimento de óleos e manteigas a partir de matérias-primas encontradas na Amazônia. Diante do cenário de vulnerabilidade da espécie, e seguindo a política Natura de uso de espécies vegetais presente em listas vermelhas, foi desenvolvido de 2013 a 2016 o Projeto de Conservação da Ucuuba. Na época, foram distribuídas 5.000 mudas nas comunidades para promover a conservação nas áreas de coleta. Por meio de estudos do retorno financeiro do comércio da madeira, foi possível descobrir que a safra anual de uma ucuubeira preservada gera uma renda três vezes maior para as comunidades do que a exploração madeireira. Isso porque, no lugar da derrubada, que só acontece uma vez, a extração de sementes pode ser feita por, no mínimo, 10 anos. “A ucuuba é um grande exemplo que vai além do benefício do produto, pois contribui com o desenvolvimento da Amazônia pelo apoio a comunidades extrativistas e conservação da floresta”, afirma Mauro Costa.
Case do fruto Tukumã, pode regenerativo da “Fênix da Amazônia” – No interior da floresta de terra firme, encontra-se o resiliente Tucumã, uma palmeira de cachos robustos, que atinge até 10 metros de altura. Tradicionalmente pouco valorizado, com seu aproveitamento limitado à alimentação de animais e à produção de itens de artesanato e de alguns alimentos caseiros, o Tucumã resiste até mesmo ao fogo. Após a ocorrência de queimadas, as sementes que caem sobre o solo são capazes de germinar e, como uma fênix, a árvore volta a aparecer nas áreas afetadas pelas queimadas.
“Seu potencial cosmético era desconhecido até o início da década quando a Natura iniciou as pesquisas sobre o ativo. Por meio de estudos da expressão gênica dos elementos dos Tucumã, a empresa identificou propriedades cosméticas relevantes, tanto no óleo da polpa como na amêndoa e, especialmente, com seu uso combinado”, explica Roseli Mello. “A manteiga da amêndoa estimula a produção do ácido hialurônico, já o óleo da polpa a protege do desgaste natural. Desta forma é possível prevenir envelhecimento da pele”.
Logo em seu primeiro ano de operação, antes mesmo do lançamento dos produtos Natura Ekos Tucumã no mercado, a cadeia produtiva gerou benefícios para comunidades tradicionais que, em muitos casos, dependem de programas sociais do governo para sua subsistência. Por meio do Tucumã, famílias se empoderaram e passaram a se envolver tanto na colheita quanto na administração das cooperativas, ajudando assim a fazer desta planta, até pouco tempo desprezada, um potencial alavanca de transformação socioeconômica.
Com informações de assessoria