Empresários do setor varejista paraense relatam aprendizados com pandemia

Empresários apostaram nos canais de vendas on-line e no investimento de novos serviços para driblar a crise

Um dos setores mais impactados pela pandemia, em 2020, foi o varejo de vestuário. Com shoppings e centros comerciais fechados, os empresários acostumados, até então, com a presença física de seus clientes precisaram se reinventar rapidamente para não serem engolidos pelo cenário de incertezas, causados pela pandemia. Em Belém não foi diferente, mas para a maioria dos empresários locais, a criatividade e o otimismo foram as palavras de ordem para driblar a crise, contornada por meio de ações aparentemente simples, como o aperfeiçoamento de vendas online e a implantação de novos produtos e serviços.

O empresário Eduardo Yamamoto é dono de um grupo de franquias composto pelas marcas Victor Hugo, Taco, Euro, Touch e Kattleya. Ele conta que, assim como a maioria das lojas de todo o país, as suas lojas também atravessaram o momento adotando medidas como redução de custo. “No primeiro momento de lockdown, a redução de custos foi uma questão de preservação de caixa. Suspendemos os pagamentos para negociar tanto com os fornecedores maior prazo, maior desconto, como também com os locadores e todos os outros parceiros também uma forma de negociar aluguel, condomínio. A gente aprendeu que sempre tem uma gordurinha sobrando então apostamos na simplificação de processos para permitir redução de quadro, por exemplo”, ressalta.

Segundo o empresário, em pouco tempo suas lojas conseguiram aperfeiçoar as técnicas de venda online, o que garantiu a melhoria do atendimento híbrido: vendas que ocorrem nas plataformas digitais, como WhatsApp, Instagram e sacola virtual (plataforma em que o cliente indica o tamanho que veste e se cria um ambiente virtual onde só se mostra itens que interessam a ele). Eduardo também destaca o investimento em novos serviços para agregar ainda mais valor ao atendimento ao cliente.

Além das vendas on-lines, esta loja investiu em novos serviços para agregar ainda mais valor ao atendimento de seus clientes

“Primeiro, nos obrigamos a resolver a questão das vendas à distância e, ao mesmo tempo, investimos em nosso próprio quadro de motoboys, pois diluímos custos, por meio do volume de vendas e hoje conseguimos oferecer o delivery grátis. Outra conveniência criada para o cliente, também foi o serviço de drive tour, disponível nos arredores dos nossos pontos de vendas, para o cliente não sair do veículo. Ainda nessa linha de raciocínio de agregar mais serviços aos clientes, nós também contratamos um quadro de costureiras. Na loja Taco, por exemplo, os produtos têm ajustes de barras e bainhas grátis, devolvemos os produtos em até dois dias. Na Kattleya, também oferecemos serviços, como ajustes de barra, medidas e de acinturamento de vestidos. Outro serviço criado foi a Fashion Bag, que funciona assim: deixamos a sacola de produtos com o cliente por até dois dias e ele tem total conveniência de avaliar se quer ficar com o produto, sem compromisso nenhum”, explica Eduardo.

A empresária Sally Lana, franqueada da marca Outlet Lingerie, conta que desde agosto de 2018, quando a loja foi inaugurada no Shopping Pátio Belém, o serviço de delivery representava menos de 5% do faturamento mensal. Mas durante o lockdown esse serviço foi o responsável por garantir boa parte das vendas no ano passado. “Em 2020, pouco tempo antes da primeira onda de covid-19, havíamos feito um treinamento com a equipe sobre atendimento online, já visando uma ênfase no delivery. Então, quando todo o comércio fechou, no final de março do mesmo ano, estávamos preparados para atender a demanda de vendas online de forma eficaz. O atendimento via WhatsApp e Instagram foi a única forma de venda, já que o shopping permaneceu fechado por três meses. Cada consultora tinha sua carteira de clientes. Elas enviavam por meio de fotos e vídeos as imagens das peças que desejavam e assim ocorriam as vendas. Nesse momento, contamos também com parceiros, os motoboys que faziam o serviço de entrega. Um alinhamento perfeito”, relata a empresária.

Empresária revela que cursos de aperfeiçoamentos alinhamento da equipe garantiram bons resultados no período de crise

Além dos aprendizados obtidos com a pandemia, a franqueada também surpreende ao relatar que a estratégia deu tão certo que resultou no crescimento de vendas. “No ano de 2020, se comparado ao ano de 2019, tivemos um crescimento. Ficamos felizes e satisfeitos com o resultado, pois em meio a uma pandemia, fechamento, redução de jornada de trabalho, redução de dias, a média anual foi mais positiva. Em 2021, tivemos um início “tímido”, mas tem se mostrado um ano magnífico a partir do 2º trimestre. O que aprendemos nesta pandemia foi a importância da cultura da empresa. Nosso time estava mais engajado, unido e maduro. Entenderam as estratégias realizadas, sofriam e comemoravam conosco. Dessa forma, conseguimos superar as adversidades e permanecer no mercado”, destaca Sally Lima.

Outra marca do setor varejista de vestuário que compartilha sua experiência é a Reserva. Para o empresário Rafael Vieira, com a pandemia, a marca afinou ainda mais sua filosofia comercial e propósito de marca com multicanalidade de vendas e novos serviços como o Delivery Reserva. “No lockdown, intensificamos e adequamos as ligações para mostrar aos nossos clientes que estávamos ali caso precisassem de nós, e obviamente oportunizando vantagens. O canal digital virou uma febre. Na Reserva, desde março de 2020, iniciamos a multicanalidade, onde site e loja física se complementam. Criamos também nossas vendas digitais com cupons de desconto e, claro, o serviço, que hoje é um sucesso, o Delivery Reserva”.

Após atravessarem um ano de pandemia, empresários relatam que se sentem mais fortalecidos para outras adversidades

Para o empresário, que acabou de inaugurar uma loja com o dobro do tamanho da anterior, fortalecido pela fusão junto ao Grupo Arezzo, os aprendizados com a pandemia são inúmeros. “Os números são significativos se comparados a 2019 e 2020, não podemos reclamar. Na verdade, a hora agora é de impor um ritmo de muito trabalho para continuarmos entregando o melhor para nossos clientes. Os aprendizados são inúmeros, mas posso citar três. Somos mais empáticos, engajados e principalmente crentes em nossos times. Com eles, vencemos e venceremos qualquer adversidade imposta pelo mercado”, conclui.