Shopping Bosque Grão-Pará tenta manter viva a tradição junina

Mesmo sem poder grandes eventos, os apaixonados pelas festas juninas encontram novos significados para comemorar

Pelo segundo ano consecutivo não teremos as grandes festas juninas do Brasil, incluindo os festejos típicos de cidades do nordeste, como Caruaru, no Agreste de Pernambuco, e os famosos terreiros juninos, aqui no estado do Pará. Mas, muitos estabelecimentos e famílias encontram formas para comemorar, com segurança, e manter a tradição do São João viva.

O Shopping Bosque Grão-Pará montou uma programação variada, durante todo o dia, para evitar que o público se concentre em um só horário. A programação inclui, além de barracas de comida típica e apresentações culturais no horário do funcionamento do Shopping, uma exposição de danças folclóricas paraenses que fará o visitante viajar pela cultura de nossos municípios. A exposição terá os mistérios e segredos do Carimbó, Marujada, Lundu Marajoara, Xote Bragantino, Siriá e Dança do Maçariquinho.

O gerente do Shopping, João Vyctor Fonseca, fala da importância de se celebrar a tradição junina do Norte, mesmo durante a pandemia, mantendo todos os protocolos de segurança. “As danças que serão expostas aqui no Shopping fazem parte da cultura e da tradição nortista. Optamos por exaltar neste São João as danças de origem indígenas e quilombolas que representam nossa identidade paraense. É muito importante que mantenhamos essa cultura viva, o que vai ficar é a nossa experiência em nos adaptar sem abrir mão das nossas tradições.”

O carimbó, uma das danças mais famosas da região, teve origem no século XVII. É uma manifestação tipicamente indígena e seu nome é em homenagem ao instrumento musical curimbó, tambor artesanal utilizado em apresentações artísticas e religiosas.

Já a Marujada, de origem bragantina, vai além da dança e é considerada uma grande manifestação cultural e religiosa da microrregião do Salgado. Nasceu por volta de 1789 e foi moldada por escravos da época, que construíram uma igreja na cidade, em homenagem a irmandade São Benedito.

Além desses dois gigantes da cultura paraense, ainda compõem a exposição o Lundu Marajoara, que por muito tempo foi censurado pela Igreja católica, por ser considerado profano; o Siriá, que é considerado uma das danças mais sensuais da região, e usada como sedução, pelos indígenas.

Já o Xote Bragantino, de origem húngara, é completamente adapta a novos manejos coreográficos tipicamente regionais; e a dança do Maçariquinho, de origem cametaense, que simula os movimentos da ave Maçarico no momento da captura do peixe. Todas carregadas de lutas e histórias que fazem da cultura paraense e nortista tão rica e simbólica, em especial nesta época do ano.

Mas diante de um cenário de incertezas e até mesmo medo, como encontrar motivos para manter viva a tradição, se alegrar e comemorar o São João? O psicólogo Marcelo Moreira, professor da Estácio, explica que o ser humano é um ser social por natureza. Por isso registramos, na história da humanidade, a formação de grupos, comunidades e sociedades para assegurar nossa sobrevivência e melhor adaptação ao meio. É dessa forma que se constroem as relações, laços afetivos e comunicações importantes, a partir de várias atividades.

“No Brasil, durante as tradicionais festas juninas, de Norte a Sul, participamos empolgados desses momentos de confraternização em meio às danças, comidas, apresentações artísticas e muitos encontros afetivos no mês de junho. Isso é fundamental para mantermos nossa saúde mental ativa e equilibrada. Mesmo em tempos pandêmicos, ainda precisamos manter os contatos e as tradicionais festas, ainda que adaptadas às normas sanitárias”, explica o professor Marcelo Moreira.

Serviço:

São João no Bosque, até 30 de junho

Funcionamento das barracas de comidas típicas: segunda a sábado de 10 às 22h. Domingos de 12 às 22h.

Apresentação de danças no sábado e domingo às 18h.

Apresentação musical: segunda a sexta às 18h e aos sábados e domingos em dois horários: às 12 e às 18h.