
O mercado da construção foi um dos mais afetados diretamente pela redução de investimentos em infraestrutura por parte dos governos, que precisaram investir em tratamentos necessários para socorrer a população vítima da covid-19. Segundo Alex Carvalho, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), o setor sentiu o abalo, mas está retomando graças a colaboração dos sindicalizados que apoiaram o sindicato para garantir o sucesso das medidas determinantes de proteção à saúde de todos, para que a recuperação viesse de forma rápida.
“O sindicato da Indústria da Construção teve um trabalho intensivo e buscou um manancial riquíssimo de cartilhas, regras, protocolos e disseminou nas empresas associadas e redes sociais sobre a segurança nos nossos e as empresas aderiram massivamente, para que essas campanhas de higienização na entrada dos canteiros durante a jornada de trabalho e os protocolos de distanciamento sociais se cumprisse, para que, passados esses momentos, pudéssemos aferir o quanto essas medidas trouxeram benefícios de proteção à vida das pessoas, que era o que realmente a gente precisava ter certeza para seguir em frente”, afirmou Alex Carvalho.
Segundo o presidente, na segunda onda da covid-19, o Sinduscon fez pesquisas para mensurar o grau de impacto das medidas que haviam sido adotadas. “Fizemos uma pesquisa em parceria com o Sesi do Pará, e conseguimos resposta de 57 empresas, 8.580 trabalhadores, 350 obras. Uma gama muito significativa. O índice de afastamento por suspeita não chegou a 5% e afastamento por confirmação da covid-19 não chegou a 4%, dessa gama de 8.580 trabalhadores e tivemos 0.28% de interações e 0,07% de óbitos”, explicou.
O trabalho de conscientização continua, disse Alex Carvalho, mas dessa vez o foco inclui o incentivo da importância de tomar a vacina no tempo certo. “Estamos desmistificando muita coisa e informando que mesmo com a vacina, a pandemia ainda não passou e só vamos ter mais segurança quando todos estiverem imunizados, enquanto isso, é com cuidado que se constrói”, disse, ao reforçar que além das conscientização, são entregues máscaras, álcool em gel e outros recursos de prevenção.
Alex Carvalho destacou que outro desafio que o setor vive agora é o aumento de grande parte dos insumos, como o aço, que atingiu 70% de aumento. “Além dos preços terem aumentado, está havendo desabastecimento. Esse é um outro problema, mas estamos buscando soluções para ver a normalização do abastecimento de materiais e também a estagnação desses preços que estão elevadíssimos”, concluiu.
Leopoldo Couceiro, diretor da Quadra Engenharia, informou que além das obras públicas, as obras privadas também sofreram com o impacto, devido a redução de faturamento, mas que este ano o mercado aqueceu e cinco empreendimentos do grupo serão lançados até dezembro.
Segundo ele, um dos fatores desse aquecimento foi os impactos da pandemia em outros setores, como o mercado financeiro. “Alguns investidores que tinham dinheiro guardado migraram para o mercado imobiliário. Indiscutivelmente o imóvel é o melhor investimento que existe. Se você olhar, historicamente, quem comprou um imóvel há 10 ou 15 anos atrás, quanto esse imóvel vale hoje? E quem aplicou esse dinheiro no banco, quanto está valendo hoje? O mercado imobiliário, disparadamente, foi o melhor investimento e sempre continuará sendo. Quem tinha dinheiro na bolsa de valores, perdeu muito. Quem tinha imóvel, não perdeu nada”, enfatizou.
Para Leopoldo, o reflexo desse aquecimento é ver a aceitação dos produtos lançados no mercado e o volume no número de vendas, o que também foi impulsionado pela redução dos juros de financiamento imobiliário, o que facilitou a aquisição de novos imóveis, especialmente pelo público de classe média para cima, que manteve o ganho e conseguiu poupar durante a pandemia, já que não podiam investir em viagens.
“As pessoas começaram a investir em reformas e muita gente começou a pensar em um imóvel novo, porque passou muito tempo em casa e precisou trabalhar em home office. Precisaram de um prédio com mais tecnologia e melhor área de lazer para as crianças. O mercado imobiliário deu uma aquecida, não nos patamares que vinha acontecendo antes da pandemia, porque a economia estava começando a decolar no Brasil novamente. Estava tudo caminhando para um cenário muito bom quando veio a pandemia”, explicou.
A sensibilidade quanto aos outros segmentos, ressaltou Leopoldo, precisa ser grande, porque o mercado da construção foi atingido, mas houve segmentos que foram mais ainda, como o de entretenimento e alimentação. “É uma lástima o que a gente tem visto no Brasil inteiro, restaurantes fechando para nunca mais abrir. Imagina a quantidade de pessoas que perderam seus empregos. Nosso mercado está aquecendo, ainda engatinhando, porém com muita tristeza por todo o resto do mercado, por outros vários segmentos se perderam nesse período. Isso é uma coisa muito triste, porque aumenta o abismo entre ricos e pobres”, disse, ao destacar que a Quadra Engenharia se aliou a algumas instituições e ajudou com distribuições de cestas básicas, construções de casas, escolas e creches, o que já faziam antes, mas que com a pandemia se intensificou.
O desejo do empresário é que as pessoas tenham saúde e que tudo se resolva. “Quero poder continuar trabalhando firme para gerar emprego, ajudar o próximo e ver o país retomar o seu sucesso e crescimento e lutar sempre para que a gente possa diminuir esse abismo da desigualdade social”, concluiu.